quarta-feira, março 02, 2005

Toda eu destilo fel

Tinha prometido a mim mesma escrever neste blog mais mel que fel mas nem sempre o consigo. Hoje é um desses dias. Nem o facto do anonimato não estar assim tão salvaguardado me faz ficar calada!
Estou naqueles dias em que me apetecia bater com a porta, chamar não sei quantos nomes a uma série de pessoas (e a uma em particular) e ir para a praça pública denunciar todas as falcatruas a que assisto no meu dia a dia! Só não o faço porque sei que ninguém me vai ouvir, eu perdia o emprego e tudo ficava na mesma. Prefiro acreditar que a verdade vem sempre ao de cima e que quem ri por último ri sempre com mais força.
Sinto-me injustiçada! Se no meu meio sou respeitada, a minha chefia tenta humilhar-me a cada dia que passa. Quanto mais apreço recebo do público, dos colegas de trabalho e dos realizadores, mais embirram comigo. Quanto mais invisto na minha formação, frequentando cursos que eu pago do meu bolso mais me olham de lado. Quando sou convidada a representar o meu local de trabalho em qualquer sítio tenho de ouvir piadas de que vou lá passar férias... Quando me têm de dar notas castigam-me e pontuam aqueles que não fazem nada e só sabem é lamber as botas à chefia. Querem que eu vigie os meus próprios colegas e quando eu me recuso a fazer isso sou ostracizada porque desobedeci a ordens. Quando começo a ter nome na área em que trabalho colocam-me a fazer horas como recepcionista no meu local de trabalho. Quando começo a fazer acunpuctura às 9 da manhã, uma vez por semana, para colmatar as dores diárias que tenho num ombro agravadas por andar durante 3 meses a carregar com 1.200 cassetes que tinha de visionar em transportes públicos, chateiam-se porque não sabem de nada e porque eu não faço o choradinho habitual do tuga doentinho... Se me convidam para projectos interessantes massacram-me por ter sido eu a convidada. Em vez de me dizerem as coisas na cara marcam reuniões para me achincalharem à frente dos colegas onde eu fico com uma raiva tal que até começo a sangrar do nariz pela primeira vez na vida! Passam-me violentos atestados de estupidez quando colocam num pedestal outros colegas.
Estou farta! Farta de trabalhar com incompetentes. Farta de levar com as cunhas da secretária, do motorista, do namorado, do apelido, do partido político. Farta de ter de assistir à pequena vigarice e de desconfiar da grande.
São anos e anos, os partidos e as pessoas vão passando e nada muda.
A cidade precisa, as pessoas precisam, o país precisa que as coisas ganhem um cunho de excelência. Eu tento aperfeiçoar-me todos os anos. Estudo, vejo aquilo que se passa no mundo, tentar estar em contacto com o meio. Leio muito, vejo muitas coisas. Reflicto sobre as coisas. Questiono-me mais. Leio mais. Estudo mais ainda. Resultado? Acho que agora sei muito mais que antes. E sinto também que a cidade, as pessoas e o país não está a ter de mim aquilo que eu lhes poderia dar. Chamem-lhe pretensiosismo. Eu chamo função pública. Serviço público. Gosto da ideia. Luto por ela. Mas hoje só me apetece desistir.

7 Comentários:

Blogger Unknown disse...

Não desistas, nem que seja só por hoje, não desistas.
Não consigo pensar em muitas razões para continuar, que o ânimo aqui não tem estado o melhor, mas desistir e/ou juntar-se a eles, como alguém poderia sugerir, simplesmente não são opções.

5:51 da tarde  
Anonymous Anónimo disse...

não te chateies.
VINGA-TE
Companheiro

5:52 da tarde  
Blogger Unknown disse...

E blimunda, atenção que nesta coisa da net o anonimato não é tão absoluto como parece. De vez em quando descubro blogs e páginas de pessoas que conheço e reconheço só pelos tiques e pequenas dicas que passam. Se analizares bem os teus posts verás que alguém que se cruze com o blog te identifica mais facilmente do que pensas... e isto é válido para os restantes bloggers da nossa comunidade...

10:26 da manhã  
Blogger blimunda disse...

claro que aqui o pseudo anonimato vale o que vale. e quem me conhecer vê logo que sou eu, mas xiça! já tenho que me calar vezes sem conta, portanto no meu blog digo aquilo que me apetecer. e, ao fim ao cabo, acredito em tudo aquilo que escrevi e 85% das coisas já o disse na cara das pessoas em causa. se o lessem não iam gostar é claro, mas "eles" também não gostam de mim portanto não perco grande coisa...

11:36 da manhã  
Blogger Unknown disse...

Esta questão do anonimato faz-me muitas vezes pensar em postar específicamente sobre isso. Teho a sensação que o pessoal se distraí e mistura informações avulsas entre aspectos pessoais e profissionais e embora seja pouco provavél, alguém de fora que se ponha a juntar as peças consegue ficar com uma ideia bastante precisa de quem somos, onde estamos, onde trabalhamos etc... e se há aspectos em que nos é igual ao litro, noutros não será bem assim. Nomeadamente no que diz respeito à carreira e ao emprego.
E entre nós temos gente mais cuidadosa, outros publicam nomes e fotos dos próprios... Acho que não sou paranoico, mas nestas zonas cinzentas entre o anónimo e o público é facil escorregar e cometer erros que se podem tornar desagradáveis.

12:21 da tarde  
Blogger Cristina C. Azedo disse...

Não desistas!
Isso era o q eles queriam e tu não lhes vais dar o q eles querem, pois não?! Sê tu mesma, mantém-te fiel aos teus princípios, faz o teu melhor, conta até 10 como o Pato Donald quando começas a ficar irritada e, minha amiga, começa a tratar da transferência para outra baiuca da função pública. Que se &#dam esses manos!
Dona Ema

5:49 da tarde  
Blogger Dina Almeida disse...

Acho que ias ficar bem mais chateada se fosses contra os teus princípios. Se te humilham em público, ri-te deles em privado. E anda para a frente. Nada melhor do que dormirmos de consciência tranquila. Aguenta mulher e assim que puderes VINGA-TE!

9:54 da tarde  

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