quarta-feira, abril 27, 2005

AMSTERDÃO

Viajar até Amsterdão fez-me ver ainda com mais evidência tudo aquilo que nos separa da Europa a sério. Onde em Lisboa se vê novo riquismo, em Amsterdão vê-se maturidade.

* a maior parte das pessoas move-se de bicicleta.
(logo, não se nota a poluição porque circulam poucos carros nas ruas. E, os tipos que andam de carro são na maior parte imigrantes que adoram o tuning e música em altos berros.... no comments... Os transportes públicos também funcionam super bem mas também não admira: não existem carros a empatar o trânsito...).

* não existem problemas de reabilitação urbana!
Ao contrário de Lisboa, em Amsterdão não existem prédios a cair aos bocados nem, ao que me quis parecer, abandonados. 90% das casas são antigas, do séc. XIX e estão em perfeito estado de condição. Toda a cidade corresponde a um conjunto muito harmonioso de fachadas em ruas cheias de árvores bordejadas por canais. Estes tipos que também foram comerciantes como os portugueses e também andaram a piratear os outros souberam beneficiar, de facto, com o seu apogeu económico a maior parte da população e da cidade.

* multiculturalidade
A cidade está cheia de pessoas de todas as partes do mundo. Pode-se pensar “também Lisboa”, mas em Amsterdão é diferente. Vê-se que este processo já tem muuuiiiitos anos. Notei isso na quantidade de casais mixtos que passeiam pelas ruas. Vê-se que as diferentes comunidades estão integradas na sociedade holandesa, o que facilita a integração dos indivíduos.
Com isto não quero dizer que aquilo seja uma sociedade perfeita. Se o fosse não teríamos ouvido falar em assassinatos por questões religiosas.

* drogas
Eu que nem sou consumidora agradou-me ver que quem quer fumar um charrito o faz sem ter de estar a fazer aquela figurinha parva de estar a esconder algo diabólico e maléfico para toda a humanidade. Para estar melhor documentada até fui ao Museu da Erva. Mas, apesar de estar mais bem documentada, continuo a pensar da mesma maneira: acho bem que despenalizem o consumo de drogas leves mas eu cá continuo a não ter queda nenhuma para a coisa.

* red light district
Fiquei bastante perturbada com aquilo. Muito. Continuo a achar um voyerismo atroz estar-se a vender carne feminina (ou quase) em montras. Não acho bem nem mal que o façam, até acho mais higiénico que a situação que se vive aqui, mas não gostei de ver. Tal como não gosto de ver os animais enjaulados em jardins zoológicos e lojas. O pavor que senti naquelas mulheres ao verem as máquinas apontadas à sua montra leva-me a pensar que a sua presença ali não é tão “natural” como certas cabeças muito progressistas me querem fazer pensar. Ao fim ao cabo do nosso lado da montra o que é que havia? Grupos de ingleses e de árabes a babarem-se completamente bêbados para as gajas mas que não me parece que estivessem em grande condição de consumar o que quer que seja e curiosos como eu.

* Anne Frank
Saí da casa da Anne Frank praticamente a chorar. Não senti naquele espaço qualquer tipo de aura. Acho que o que me fez ficar mais perturbada foi o facto de ter visto que na listagem por ordem alfabética de apelidos dos 130.000 deportados de Amsterdão para campos de concentração, ao lado dos Franck, estava a família Franco Mendes da Costa. Quem me diz a mim que se os aliados não tivessem entrado em acção, depois dos judeus, dos comunistas, dos ciganos, dos deficientes e dos homosexuais, não viríamos também nós raçudos do sul?
Comprei um livro em português sobre esta história. Devemos tê-la sempre presente para que não se tente branquear a história.

* Van Gogh
Gostei muito do museu. É um dos melhores que já visitei. Cheíssimo de gente mas aprendi bastante e é um luxo poder estar em frente das obras deste mestre. Tinha ainda uma exposição muito boa do Egon Schile, do quem não aprecio muito a obra mas foi bom poder vê-la tão bem representada ali.

Ainda me devo lembrar de mais algumas coisas sobre a estadia em Amsterdão mas por enquanto fico-me por aqui!



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