O Rei e o Reizinho

Desde que me conheço que sou de esquerda e acredito na igualdade de oportunidades para todas as pessoas. Também acredito na República e sinto-me muito orgulhosa de em Portugal termos acabado com os reis há muito muito tempo. Por supuesto, também sou ateia.

O problema é que quando vejo o senhor na televisão ou em qualquer revista de corazón não consigo deixar de pensar o quanto ele parece pacholas. Agora então que casou o filho até me parece que também deve ser um sogro simpático. É inexplicável! Durante muito tempo até fui discreta neste meu apreço. Afinal de contas tinha amigos que detestavam tanto Madrid, o Estado espanhol, a monarquia e o rei que o melhor era estar calada. Detestavam tanto que uma vez, um pouco já enebriados pelos festejos de um aniversário ligaram para o palácio do rei para que o Juan lhe desse os parabéns visto que andava a dizer que era o rei de todos os espanhóis... Simpático também era o facto de ensinarem às crianças que o rei era aquele senhor que aparece nos sêlos. Enfim. Espanholices.

Pronto. Bem sei que este tema não interessa a ninguém. Mas aqui fica registado o meu apreço por este espanhol pacholas que fala excelentemente o português e que só por isso se destaca e muito dos seus conterrâneos.

Tudo isto a propósito de uma conversa ao almoço em que eu declarando este meu apreço choquei um dos meus companheiros de comezainas que se declarava ferozmente contra todos os Reis. Mas, calou-se um minuto depois quando foi interrompido quando o seu avô com o ar mais doce e fraterno lhe disse: "Para que é que estás com essas conversas? Tu para mim também serás sempre o meu Reizinho." Fogo! Anda um gajo aqui a propagandear os seus sentimentos anti-monárquicos para depois ouvir estas coisas. Assim não há condições.