quarta-feira, janeiro 25, 2006

Porque é que eu hoje não sou jornalista?

Decidi ser jornalista aos 11 anos numa aula de Português com a Professora Júlia, que nunca esquecerei. Soube despertar em nós o gosto pela leitura e pela discussão. Foi numa das suas aulas que escrevi uma composição em que de repente se fez luz e percebi que queria ser jornalista.

Consegui o que queria. Aos 19 anos cumpri o meu objectivo: entrei para Comunicação Social. Na hora de preencher os papéis onde se colocavam as 6 opções coloquei esta em primeiro lugar. Em segundo o curso de Relações Internacionais. O resto deixei em branco. Nada mais me interessava. Também teria entrado mas o sentido prático fez-me acreditar que com os meus pobres apelidos e origens nunca iria longe no mundo Diplomático. Felizmente hoje até tenho uma amiga que prova o contrário mas não me arrependo de ter optado pela Comunicação Social.

Ir estudar para Lisboa foi um choque. Senti-me muito pequenina, tive problemas de adaptação provocados por algum sentimento de bicho do mato no meio daqueles 75 indivíduos quase todos tremendamente ambiciosos. Encolhi-me. Completamente. As avaliações demonstraram-se perfeitamente subjectivas segundo o meu ponto de vista. Percebi que para ser jornalista estava quase certo que precisava de ser uma grande chata atrás dos outros, de começar por escrever não sei quantas peças sem interesse nenhum, de entrar num mundo de cão, de começar por ser muito mal paga, de conviver com uma data de ignorantes armados em intelectualóides do Bairro Alto, de lamber as botas aos chefes…

Entretanto, o curso alterou-se e ficou a chamar-se Ciências da Comunicação. Ou seja, os nossos estudos podiam centrar-se no jornalismo na imprensa, tv ou rádio mas também em produção e realização audiovisual/ cinema. Eu que durante tantos anos achava que queria ser jornalista decidi mudar de área e optei pelo Cinema. Mal por mal éramos muito menos e cada um fazia o seu percurso académico. Foi o melhor que fiz. Passei uns tempos a estudar filmes e depois até consegui trabalhar uns anos neles. Que belo trabalho!

Cheguei à conclusão que preferia fazer coisas a escrever sobre elas.

Até agora não me arrependo. Mas quando leio livros como o “Hotel Babilónia” do Cáceres Monteiro ou os livros do Kapucinski estremeço e penso nas descobertas que teria feito se tivesse optado por esta carreira. Nos mundos que teria conhecido Teria com certeza uma vida muito mais excitante. E penso no telefonema que a minha tia J. me fez quando soube que tinha entrado para o curso “Óh filha, tu promete-me que não vais trabalhar para aquelas guerras. Tu não dês essa preocupação à família.”.

Uma moral da história. Pelo menos a minha família está muito mais tranquila comigo assim.

5 Comentários:

Anonymous Anónimo disse...

E TU...... MUITO MAIS FELIZ!

11:41 da tarde  
Blogger Horas Vagas disse...

ISABEL! (Declaro a identidade do Anonymous pr ke ela não se arme em carapau de corrida!) Ela saberá se é mais feliz!!! Eu acredito que sim... E tempo? Não é bom ter tempo? Vamos emigrar?

12:53 da manhã  
Anonymous Anónimo disse...

Pensa assim: ao menos tens um javardo em casa, um quatro patas maluco, uma ginga deliciosa e nao tens um buraco na peida como a outra da SIC.

Que tal???

;)

10:53 da manhã  
Blogger Horas Vagas disse...

Bem... sou ardina e estou quase a ter uma ginga!!

1:49 da tarde  
Blogger Helder Miguel Menor disse...

tu pertences é à cáfila...és boa pessoa, isso é que te safa.

3:29 da tarde  

Enviar um comentário

Subscrever Enviar feedback [Atom]

<< Página inicial