quinta-feira, maio 18, 2006

Quantos dos nossos pais não ficaram também apanhados?

Coloquei-me essa pergunta quando li D´este viver aqui neste papel descripto do António Lobo Antunes. Não falando aqui de toda a carga sentimental e quase erótica destas cartas, é alucinante perceber o quanto a geração dos nossos pais sofreu com a Guerra Colonial. É óbvio que sofreram muito mais do outro lado mas não é do outro lado que quero falar aqui. Mas, a estes então jovens era possível dar o salto para a clandestinidade ou para o estrangeiro. Mas será que essa era um opção fácil? De certeza absoluta que não era. Eu imagino o meu pai vindo da parvalheira e nunca pondo os pés em Lisboa a pensar ir para França! Coitado. Íam para França quem já lá tinha ido de férias com os papás! Foram portanto muitos para África e muitos se sabe que ficaram apanhados da cabeça. Quantos destes cinquentões ou sessentões são os nossos pais, vizinhos, tios? Quantos não carregam em si histórias absurdas, atrozes. Quantos filmes se poderão ainda escrever e livros ler sobre esta guerra? Muitos seguramente.

5 Comentários:

Anonymous Anónimo disse...

OLá lurdes....

giro blog pà!!!

bjo

raquel

3:06 da tarde  
Blogger pinhacolada disse...

1:
Guiné - Chegava-se a uma aldeia de palhotas, matavam-se homens, mulheres e crianças (futuros guerrilheiros), depois queimava-se tudo e já estava. Os soldados nem perdiam tempo a pensar nos seus actos...matava-se para não se
morrer.
2:
Guiné - A dada altura, sofriam bastantes emboscadas e desconfiavam que havia um informador...suspeitava-se do carteiro (era guineense) que se deslocava numa bicicleta...mandaram-no parar, ele não parou e foi cravado de balas nas costas.
Era a vida que lhes calhou.

5:08 da tarde  
Blogger MA disse...

Vá lá...vamos ser amigos...
http://www.mega.bz/rotfl/images/argue091204.jpg

2:19 da tarde  
Anonymous Anónimo disse...

Nao vou incidir em comentarios, nem espero que o façam no meu.

Numa guerra a questão da culpa ou do heroismo nem sempre é visto da mesma forma. Mas a certeza de uma coisa eu tenho, que muitos dos nossos pais que tiveram no Ultramar, e o meu teve, aqueles que vestiam as fardas que lhe eram impostas e que tb nao tinham hipotese de fugir para frança à procura de exilio, não eram de certeza os trasportadores de um ditador pequenino dentro de si. Não o podemos fazer, foram milhares de soldados, que foram enviados em navios pra ser carne para canhão.
Acredito tristemente, que num panorama de guerra quem não dispara morre.
E julgo ser de total descabimento responsabilizar estes mesmos homens, que hoje sofrem do trauma de guerra em nome de uns governates que dormiram descansados.
Concerteza que ouve escessos, erros, mas esta questão nem é se quer proporcional às responsabilidades de salvar a propria vida.

Por vezes dava comigo a pensar naquelas fases menos boas, em que o meu Pai geria consigo mesmo a "sua" Africa desgastante... e no final eu concluia sozinha, se me oferecessem peso tão grande, não sei se aguentaria...

Cm concordo plenamente e Zé da Penalva tenho um grande respeito pelas suas palavras.

Herois existiram de ambos os lados, os que salvaram a sua vida e familia.

3:36 da tarde  
Blogger MA disse...

Este comentário foi removido por um gestor do blogue.

7:42 da tarde  

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