sexta-feira, outubro 14, 2005

Histórias hediondas, famílias desestruturadas e famílias que procuram ser felizes

Todas as famílias têm as suas histórias maradas. Umas mais que as outras é certo, mas ninguém se livra de ter na família a ovelha ranhosa, a armada em esperta, a peneirenta, a beata, o alcoólico, o avarento e por aí fora. Não há núcleo mais hipócrita que a família. Como não temos a possibilidade de a escolher passamos a vida a engolir sapos sem fim uns aos outros. Em suaves doses a coisa leva-se muito bem e conseguem sobreviver relações bestiais entre pais e filhos, netos e avós, sobrinhas e tios e por aí fora. Até surgiram novos núcleos familiares, em que enteados têm de levar com madrastas e madrastras têm de levar com enteados. Irmãos têm de levar com meios-irmãos. Filhos com namorados da mãe e do pai. E, por vezes, até ex-maridos e ex-mulheres conseguem esquecer os ódios e desprezos e praticarem um saudável convívio. Pronto. Estes dados são para mim e para toda a gente evidentes.
Mas existem histórias familiares que me arrepiam. Uma ontem conseguiu-me levar às lágrimas. tem a ver com o caso da miúda, Joana, que se julga ter sido assassinada pela mãe e pelo tio depois desta os ter visto a cometerem incesto. Aquando do depoimento da dona do supermercado, onde a miúda ía muitas das vezes fazer compras, a senhora explica muitas coisas e uma delas é que a miúda ali entrou a chorar porque era o primeiro dia de aulas e não tinha ninguém que lhe ensinasse o caminho para a escola! Que é isto? Que família é esta? Como é que é recusado uma coisa destas a uma criança? Como é que andamos a sustentar tantas assistentes sociais, instituições de apoio à família e à criança e não há ninguem que tire crianças destas ás famílias, mães ou pais, que não têm o mínimo de condições para educar uma criança. É que eu nem estou a falar do próprio assassinato da miúda nem de outros pormenores sórdidos... Bem sei que situações destas são abjectas e acontecerão sempre mas quando as oiço penso sempre em que se deviam esterilizar algumas mulheres e homens!
Por outro lado, cada vez ganho mais respeito por uma quantidade maior de mulheres e homens que tentam e tentam ser mães e pais e não têm a ajuda da natureza para o conseguir. Tenho partilhado alguns momentos com uma grávida que é daquelas muito chatinhas, super ansiosas, com baixa desde o princípio, que se queixa de tudo, que é alérgica a tudo, que tem medo de tudo, etc. Eu que sou uma cabra insensível e não tenho muita paciência para queixumes não lhe ligava nenhuma. Até que há dois dias atrás conversei com ela 10 minutos e ela me explicou que está casada há 14 anos e esta é a sua quinta gravidez. Teve dois abortos e duas gravidezes ectópicas! Ou seja, já vai na sua quinta tentativa de ser mãe ao longo de quase 15 anos! Como é que a desgraçada não havia de estar ansiosa. Ainda por cima tem uma relação boa com o marido! Ou seja, estas duas pessoas passaram pelo que passaram e continuam a estar juntas e no final, que será em princípio este Sábado, serão pais e concretizarão um grande sonho deles. É uma menina e duvido que vá passar pelo que passou a coitada da Joana por tão desejada que é.
Neste momento destilo ódio para com essas pessoas que conseguem cometer tais atrocidades e admiro enormemente quem passa por casos como relatei aqui destes futuros pais.

3 Comentários:

Blogger Caganita disse...

Desculpem lá, mas concordo com o Zé da Penalva.
Porra, quem tem filhos deve criá-los com amor e carinho e todas essas coisas que devem fazer uma criança feliz (ou não, porque por vezes são mesmo maus de nascença), e não delegar esses deveres da criação e educação para o vizinho do lado.
Acredito que existam figuras de referência para uns, mais que para outros, mas ninguém nos tira o nosso pai e a nossa mãe.
Tudo bem que existam pais que não merecem ter filhos e outros que merecem e não podem.
Em relação à adopção, também concordo que existem realmente muitas crianças por aí abandonadas que não têm a sorte de muitas crianças, mas nem por isso, pessoas que esperam um filho há cerca de 14 anos, devem ir por aí.
Uma criança não é um cão para se ir buscar à maternidade.
Não se deve ser egoísta, é certo, mas não devemos desistir de tentar ter os nossos, de lhes dar educação, assim como aos filhos dos outros, que já são crescidos e ainda não aprenderam a fazer uso da contracepção.
As pessoas más não deviam ter filhos, mas como podemos nós controlar isso??
Como podemos nós negar a uma pessoa o seu direito à maternidade?
Negaram-te a ti o direito de teres uma Ginga ou um H. pequeno??
Se não pudesses ter, não tentavas primeiro um tratamento de fertilização?
Na volta ias procurar na internet, como fizeste com o mandela, queres ver??
Tem juizo ó Riky!!

8:00 da tarde  
Anonymous Anónimo disse...

Reformulando a frase: "Não acho que deve ir um cêntimo para tratar o H. maluco quando temos pessoas realmente descompensadas que não o deviam ser."

Froid

11:22 da tarde  
Blogger Caganita disse...

E assim perdes todo e qualquer argumento!
E tenho dito!

5:37 da tarde  

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