quinta-feira, junho 29, 2006

O melhor livro do meu ano... até agora

Graças aos conselhos do amigo Pinhacolada encontrei-me com estas 300 e tal páginas de literatura do melhor que há. Grande surpresa. Total desconhecida para mim, esta senhora brasileira, Patricia Melo, vai fazer-me entrar em livrarias para descobrir mais livros dela. O livro chama-se "Inferno" e remete para o contexto já conhecido da "Cidade de Deus" e da "Cidade dos homens". Estes brasileiros são os maiores. Conseguem dar glamour às favelas e a personagens que se chama Fake, Carolaine, Máiquel, Zéquinha,... Ganhou até o prémio Jabuti em 2001, o mais importante do Brasil. Cá é editada pela Campo das Letras. Fantástico. Grande escritora. Sim senhora. Desculpem qualquer coisinha, mas é que eu fico mesmo contente quando vejo pessoas com talento a escreverem tão bem e de uma forma tão prazenteira.

quarta-feira, junho 28, 2006

"A queda"/ "Der untergang" de Oliver Hirschbiegel, Alemanha, 2004

Depois de uma noite de Domingo dedicada ao futebol nada como refrear os ânimos com um filmezito que gira à volta dos últimos dias de Hitler, passados quase sempre no seu bunker em Berlim! O filme é bom. Os actores são muito bons também. Uma actriz até faz tão bem de nazi que acho que consegue ser ainda mais odiosa, pelo menos no filme, do que o Hitler. Mas a referida senhora, parideira de 6 filhos, também era a Sra. Goebbels... A Eva Braun também era fresca era.
É uma pena só ouvir alemão em filmes com temáticas que giram à volta da II Grande Guerra. Gosto muito da língua. Mas, de facto, quase nunca tenho contacto com ela nem a Alemanha é um destino assim tão, tão aliciante para ir lá. Mas volto a escrever que o filme vale a pensa ser visto. Pelo menos é uma visão alemã, nada condescendente, sobre a sua própria história e não um filme americano com a sua visão sempre demasiado maniqueísta das coisas. Aliás, se o filme fosse americano nunca se daria tanto destaque à conquista de Berlim por parte dos soviéticos...

terça-feira, junho 27, 2006

O nov@ Blitz

O Blitz faz-me lembrar os tempos do Secundário na escola do A.S., quando uma cambada de suburbanos tinha a intenção de perceber o que se passava em termos musicais no Mundo. Depois de sair dessa escola poucas vezes voltei a comprar o jornal. Enjoei. Deixou de me interessar. Muito por acaso chegou-me às mãos o novo Blitz, que por acaso também mudou de género e agora é revista. Eu gostei de a ler. Aliás já pequei nela uma data de vezes e encontrei sempre artigos interessantes. Não é genial mas é interessante poder voltar a ter uma publicação em Portugal que trate de música de uma forma generalista mas atractiva e útil. Vamos ver se o projecto editorial se aguenta.

segunda-feira, junho 26, 2006

Até comprei A Bola!

sexta-feira, junho 23, 2006

Sou tiiiiiiiiaaaaaaaaaaaa!

Agora é que eu percebi. Depois disto só me falta mesmo ser Avó! A falar ao telefone com um avô babado chegamos a uma conclusão aritmética de sentimentos. A coisa é sempre a somar e não a dividir. É bonito.

quinta-feira, junho 22, 2006

"Os blogues antes dos blogues" de José Pacheco Pereira

Este artigo saiu no Público de hoje. A sua leitura pode ser interessante para quem tenha blogues ou goste deles.
«"Tenho o fragmento no sangue" (Cioran)
A escrita que se encontra hoje nos blogues é velha como o tempo, embora o tempo pregue partidas, transformando as coisas noutras muito diferentes. O tempo é aquilo a que hoje se chama os "suportes", no caso da escrita na Rede, a forma dos blogues.Repito, a tecnologia do software em que assentam os blogues tem um papel ao moldar a sua forma. Vimos no artigo anterior como ela valoriza o presente, presentificando a escrita, obrigando-a à actualidade. Agora podemos ver como ela acentua aspectos da escrita: favorece o texto contido, aquilo que na linguagem da blogosfera se chama o "post curto". O "post curto" gera uma tensão sobre o espaço das palavras, acentua a utilização estética da frase, em combinação com o título e com outros elementos gráficos. O facto de os blogues poderem usar simultaneamente texto e imagens, sons e vídeo está a dar origem à primeira grande vaga de um novo tipo de textos, nascidos na Rede e para serem lidos na Rede. Os blogues revelam e geram novas normas de leitura na Rede que são distintas dos livros, acentuando a não-linearidade da leitura. Esta segue não apenas a frase, mas as ligações, ganha em espessura ao deslocar-se entre as diferentes páginas associadas pelo hipertexto. Move-se não apenas no texto, mas também pelas imagens e sons ligados ao texto, em detrimento da leitura sequencial, habitual no livro e nos jornais. A leitura num ecrã raras vezes anda para trás, tende a andar para o lado antes de andar para a frente. A escrita nos blogues é moldada por estas características físicas do novo texto electrónico e, no seu conjunto, está a ensinar a uma geração um novo cânone de leitura e escrita que poucos exploram conscientemente, mas que molda a todos. Ora nem todo o tipo de texto, nem todos os conteúdos se prestam a esta nova forma que despedaça legibilidades antigas a favor de novas. No "post curto" a escrita vai desde a mera frase com uma ligação, ou seja, uma porta, um caminho que nos leva para longe daquela página, daquele ecrã até à entrada diarística, impressionista ou faceta, até ao mini-ensaio, pouco mais do que o aforismo. É uma escrita que favorece, comunicando quer com os títulos de jornais, quer com o aforismo, a utilização de mecanismos poéticos, mas também humorísticos e sarcásticos. Nesse sentido os blogues caem sob a crítica que Lukács fazia aos textos de Nietzsche - a de serem, pela sua forma, naturalmente irracionalistas, valorizando a metáfora, a sedução estética, em detrimento da argumentação.Que textos têm esta qualidade de serem protoblogues? Toda a escrita moldada pelo tempo, ou pela "construção" da personagem (ou da obra) pelo tempo. Os diários, ou uma forma muito francesa de diários, os "cadernos". Mas também alguma correspondência e ensaios. Textos que colocados em blogues parecem ser escritos para blogues encontram-se no Para Além do Bem e do Mal de Nietzsche, em anotações de Kafka, nos "propos" de Alain, nos diários de Morand, nos "cadernos" de Camus, Valery e Cioran. Noutros casos, o tempo e a história "partiram" os textos originais, dando-lhe essa qualidade de escrita de blogues, como acontece com os fragmentos dos pré-socráticos, restos de textos mais compridos, de tratados e de livros. E muito do que encontramos em dicionários de citações, frases que vivem por si próprias, são matéria-prima de blogues.No plano gráfico, muitos "cadernos" de desenhos, a começar pelos desenhos de Leonardo da Vinci com anotações, muito dos moleskines de artistas, em que o esboço e o texto manuscrito se entrelaçam, alguma banda desenhada, alguns livros de viagens. A fotografia deu origem a fotoblogues, mas está longe de revelar as suas potencialidades na construção narrativa dos blogues, para onde transporta, em imagem, tudo o que valoriza o texto curto: a impressão, o fragmento da realidade, o "olhar" no tempo. No vídeo, o sketch, o pequeno filme caseiro do género dos "apanhados", alguns filmes publicitários. O som é o menos explorado nos blogues, mas a sua utilização, por exemplo no Kottke.org como complemento de viagem - o som dos semáforos de Singapura, o ruído de um mercado, o barulho de uma fábrica -, acentua a fragmentação da narrativa ou da ilustração que está no âmago da escrita dos blogues. Muito significativamente, todo este tipo de material é favorito na actividade de "cópia-colagem" que também a forma blogue e a Rede favorecem, apropriando-se cada um das citações, de textos e imagens que servem de reforço da sua identidade em linha. Nalgumas experiências com sucesso na blogosfera, diários foram colocados na Rede, como o de Samuel Pepys, que foi transformado (http://www.pepysdiary.com/) num blogue, com o texto original e ligações, dando uma nova legibilidade ao texto original do século XVII.Seria possível fazer o mesmo com muitos "cadernos" de Cioran, Camus e Valery, muito diferentes entre si, mas todos passando o teste do blogue. O facto de, no caso de Cioran, este não ter a intenção de os divulgar e inclusive ter pedido para que fossem destruídos, não retira aos seus textos a pulsão fragmentária que os aproxima do registo dos blogues. Aliás, Cioran, autor dos Silogismos da Amargura é um cultor de uma forma de escrita muito adaptada ao "post curto". Valery passava o teste e os seus cadernos ganhariam muito com o uso de hipertexto e ligações. Um aspecto fundamental, nos cadernos de Valery, é a sua utilização como instrumento para a construção da obra, como meio de treinar o pensamento, mas também de o desenvolver, experimentar, testar, deixando-o aparecer sem a responsabilidade do ensaio final, do livro a publicar. Valery usava os seus cadernos, que escreveu ininterruptamente (no final eram cerca de 261 com 28.000 páginas), como um instrumento para pensar, fazendo uso não só da escrita, mas também do desenho, e escrevendo sobre tudo: arte, filosofia, poesia, matemática. E escreveu sobre como o "eu", como o "seu cogito" "funcionava", matéria de blogues, como se sabe.Camus é, de todos, quem, sem dúvidas, faria um blogue excepcional. A escrita, umas vezes mais tensa e outras mais solta, curta e imagética, intercalando fragmentos de diálogos, recordações de paisagens e de encontros, notas de leitura, revela o olhar de Camus sobre a sua geografia africana peculiar, a Argélia, e sobre os acontecimentos que está a viver. Os cadernos de Camus não só suportariam o formato do blogue, como ganhariam com a imagem na sua dimensão mediterrânica. Ganhariam também com o hipertexto, embora menos que Valery ou Cioran, que quase o exigem para serem devidamente lidos. Em todos os casos que referi, a legibilidade dos textos na actualidade ganharia com a forma blogue, pela representação mais perfeita do tempo que a Rede permite. Os cadernos de Camus são os que melhor se lêem, enquanto os de Valery e de Cioran só são legíveis, na sua forma livro, em antologias depuradas. O de Cioran tem centenas de páginas de um grosso volume e os de Valery estendem-se por dez volumes na edição da Gallimard. Mesmo em Portugal foram os únicos divulgados numa edição barata e popular, de há muito esgotada. Por tudo isto, valia a pena, e acabará com certeza por ser feito, o teste prático de colocar todas estas escritas na Rede usando modelos iguais ou próximos dos blogues. A blogosfera terá então ao seu lado Nietzsche, Valery, Camus, Cioran e tantos outros, como autores de blogues."

quarta-feira, junho 21, 2006

Sadhna.org


O mundo é muito pequeno. Abri hoje o e-mail e tinha recebido de uma conhecida minha notícias a dizer que o seu site já estava pronto. Esta portuguesa está na Índia pela terceira ou quarta vez. Desta vez em Udaipur, no estado do Rajastão. Trabalha com uma associação de mulheres indianas que trabalham em artesanato para quem fez um site, que está bonito e funcional e as peças são lindas. Pena que só possamos encomendar coisas num valor mínimo de 500 dólares... A malta não é rica. Apesar dos artigos estarem a um preço muito indiano... Quem tiver interesse pode ir a http://www.sadhna.org/

terça-feira, junho 20, 2006

António Variações - Entre Braga e Nova Iorque

Biografia devorada em poucos dias de um dos músicos portugueses que mais admiro. Na minha opinião ninguém elevou tão alto o Pop português. Não percebia nada de música mas escreveu algumas das canções que eu gosto mais na minha língua. Eu, tremenda quadrada de espírito, admiro-o incondicionalmente pelo seu carácter libertário e por continuar a ser o mais minhoto e português possível sem perder universalidade. Morreu de uma forma estúpida, como sempre,mas deixou-nos uma tremenda herança. E parece que no seu baú ainda existem mais algumas relíquias guardadas.
Lembro-me muito vagamente de o ver nos programas do Isidro e de já na minha adolescência ter comprado a discografia completa (3 discos em vynil) no Círculo de Leitores. Numas férias grandes secantes em que o contacto com livrarias era zero, foi a solução encontrada para ter um pouco de música, de loucura e de rebeldia. E tanto que eu precisava para não morrer de tédio durante aqueles 3 meses naquele cinzento subúrbio!
O livro em si não é perfeito. Cai até num certo voyerismo mas vale a pena ser lido. Na minha opinião, claro. Como sempre.

sexta-feira, junho 16, 2006

O primeiro dente da Ginga!

Para que fique registada em algum lado a data desta efeméride, não vá daqui a uns anos a Ginga perguntar à mãe e eu, desnaturada, não me lembrar! Foi no dia 14 de Junho, tinha a cachopinha 7 meses. Pronto!

domingo, junho 11, 2006

Sahara de Michael Palin, o outro lado dos Monty Pyton

Descobri que um dos cromos dos Monty Pyton se dedicava a viajar quando li um livro escrito por ele sobre o Sahara quando eu própria estava às suas portas. Uma viagem fantástica entre Gibraltar, Ceuta, Marrocos, Mauritânia, Mali, Argélia, Tunísia, Líbia. Era uma edição em inglês ou francês. Não me lembro bem. Há um mês percebi que a Europa América editou para o português este livro, que se chama simplesmente Sahara. Quem se interessa por estes territórios ou por literatura de viagens em particular vale a pena lê-lo. O humor do tipo é delicioso. Puro humor inglês. No seu melhor. Percorre a pobreza mais extrema com os poços de petróleo e gáz natural a uns kms de distância. Hotéis de luxo, pensões chunga e tendas. O mais puro ar com as grandes metrópoles africanas. África negra, berberes, tuaregues e árabes. É mais uma edição desta colecção de livros de Literatura de Viagens.
Quem quiser saber mais sobre as viagens de Michael Palin pode ir aqui.

sexta-feira, junho 09, 2006

Por quê tão poucas biografias musicais?

O jornal Público responde a isso hoje no Suplemento Y. O texto está aqui.

quarta-feira, junho 07, 2006

Serviço Público, Programador Privado

Ontem, por acaso, assisti ao programa da RTP 2, Por Outro Lado, da Ana Sousa Dias, que eu continuo a achar que é uma excelente entrevistadora. Desta vez o entrevistado foi Mark Deputter, belga flamengo de Lovaina que já vive em Lisboa há muitos anos, fala um português perfeito e é o responsável pelo festival de artes performativas AlKantara, como já foi antes do Danças na Cidade.
Num país de grandes tacanhices tem de se felicitar alguém que com uma grande coerência programa festivais e espaços com a qualidade que ele, e as pessoas que estão com ele, o fazem. Eu que começo a ficar enojada com a total ausência de políticas culturais do Estado Português e da maior parte das autarquias portuguesas, festejo iniciativas privadas como esta. Já que o Estado se está a demitir ao menos que surjam pessoas que decidam fazer coisas bem feitas e a pensar nos públicos. Sim. Existem variadíssimos públicos e é possível chegar até eles mesmo que correspondam a nichos de mercado. Se calhar até é sintomático que este senhor seja estrangeiro. Só alguém que viveu mais tempo lá fora que cá dentro ainda guarda alguma motivação para ter pachorra para isto!

A Índia vista pelo Brasil

Um monstro sagrado a olhar para outro. Dois mundos em lados opostos do mundo. Alguns milhões de ricos junto a muitos milhões de pobres. Um revista brasileira, a Veja, chama à sua capa a Maior Democracia do Mundo num artigo que foge ao Taj Mahal e ao Ganesh e companhia e se centra no progresso económico, na situação demográfica e política. Eu como acho a Índia um território fascinante gostei de ler este artigo.

quinta-feira, junho 01, 2006

Mia Couto - O outro pé da sereia

Já li outros livros de Mia Couto mas confesso que já me andava a cansar dele. Parece que andava sempre a ler o mesmo livro, em que se repetiam alguns, quase, tiques estilísticos. Ofereceram-me este O outro pé da sereia editado pela Caminho e ainda bem. Gostei muito. Da história, dos personagens e de como está escrito. Tem pormenores deliciosos como o de um personagem passar todo o tempo a trocar os provérbios portugueses, que acabam por ganhar novos sentidos e novas sonoridades. Continuo a gostar desta criolização do português, que corresponde não a um não conhecimento da língua mas sim a um grande domínio dela que permite que se brinque com ela. Não querendo voltar aqui ao tema de se criar obra em português ou não, lá acabo eu por vir cair no tema. Caneco! Só eu... E lá continuo mais uma vez a falar em África...