1 ano de blog e 11.111 clicks

Este blog já fez um ano Esta seria uma boa altura para lhe dar um outro ar mas na realidade tenho um bocado de medo de estragar a coisa. Queria, por exemplo, agrupar as postas por temas mas ainda não me dediquei a investigar como é que tal coisa se faz. E, como me cheira a html fujo logo.

Ainda me lembro de ter criado um blog meio a brincar e de me ter assustado tanto por 1 minuto depois ter recebido um comentário de um bacano a dizer que me queria comer, que fez com que nunca mais lá fosse! Passado um mês adoptei uma postura do estilo "jamais calarão a voz da classe operária" e inaugurei este mesmo blog, decidindo ignorar estes perigos cibernéticos. Por acaso, depois dessa ameaça, nunca mais me ameaçaram nesse tom... Quererá dizer alguma coisa? ;)

Blog que tem tanto de privado como de público, que fala tanto de viagens lá fora como cá dentro. Quando o iniciei nem imaginava que estaria a poucos meses de dar início à maior aventura de todos, a da concepção, gravidez e parto, como diz um dos livros mais lidos nos últimos meses cá de casa...

Neste ano descobri um bocadinho da Ásia, com duas viagens à Índia e à China e senti-me na Europa com uma viagem a Amsterdão. Para além disso, descobri que o paraíso pode estar bem perto. Passei um dos melhores verões da minha vida junto de grandes amigos, grandes petiscos, boas leituras e belas paisagens de mar, terra, areia, campo. Gosto de viver aqui e agora. Acho que não seria mais feliz noutro sítio.

Conheço muitos dos 11.111 clicks que já passaram por aqui. Outros nem tanto. Mas até agora tem sido um imenso prazer pertencer a esta comunidade.

A parte boa de se viver a dois

Também existe! Hoje o Homem cá de casa brindou-me com um petisco alentejano ao jantar de se lhe tirar o chapéu: Ovos de Tomatada. A confecção se calhar até é básica , mas o resultado é divinal. Tomates, ovos, pão são a base desta receita, que só poderia ser alentejana . Estava um pouco picante (como sempre...) mas estava uma delícia.

É tão bom chegar à hora de jantar e ter alguém a preparar um petisco desta categoria!

A fotografia é certo que não faz justiça ao prato... Deveria tê-la tirado quando estava na mesa mas a fome era tanta que nem deu tempo.

Fez-me lembrar o Melindense. Quando a Ginga nascer e nos começarmos a aventurar mais para fora de portas é um dos sítios a que quero ir. Agora não me arrisco a fazer muitos kms...

O mistério do roupeiro mais feio do mundo está resolvido!

Desculpem a falta de qualidade da foto mas é só para exemplificar um pouco do que é que estamos a falar aqui.

Viver a dois é muito complicado. A três, com o Mandela ainda é pior, com a vinda da Ginga a coisa começou a exigir da minha parte uma re-organização da coisa! Como o Companheiro não curte muito a cena da arrumação deixou-me escolher tudo o que dizia respeito à compra do célebre roupeiro para guardar: roupa da Ginga, mochilas e tendas de campismo, casacos freaks comprados em sítios estranhos do mundo, malas, malonas e malitas de moi même, mantas e mantinhas da Ginga, tapetes de yoga, panitos rançosos dos quatro cantos do mundo, edredons e mantas, etc, etc.

Depois de estar 3 meses à espera do dito a opinião do Companheiro foi: "Esta merda é horrível!". Nada que não se estivesse à espera ...

Mas ontem fez-se luz no meu espírito. O Companheiro decidiu explicar-me todo o drama que está por detrás deste roupeiro. Passo a transcrever algumas das suas sábias frases:

"O alumínio veio acabar com o ferro!"

"Coitados dos operários metalúrgicos que trabalhavam com o ferro e depois ficaram sem emprego por culpa do alumínio"

"O alumínio é feito a partir de moldes e toda a classe operária sai prejudicada assim"

"As coisas fabricadas da União Soviética é que eram boas! E porquê? Porque eram feitas em ferro!"

Pronto! Fiquei muito mais descansada. O próximo roupeiro cá de casa não terá nada em alumínio! Eu que pensava que a culpada era da Bétula! Afinal era do gajo, do alumínio!

O hospital mais cosmopolita do mundo

Pelo menos do mundo que eu conheço, o Hospital de Santa Maria ganha aos pontos!

Ontem, Domingo, tivemos de nos deslocar lá para fazer um CTG. Ao contrário do que se possa pensar fui atendida logo. Entrei num quarto minúsculo de 2 m por 3 m onde cabia o Mundo! Senão vejam. De todos os graffitis que ali estavam destaco testemunhos do género:

"Deus protege a Raça Cigana"

"Helder Zona J"

"Adilson da Musgueira Siti ama Marisa de Chelas"

"22/05/2003 É hoje que vai nascer a Tatiana Vanessa"

"Deus me ajude nesta hora"

"Cleópatra Alexandra os papás esperam por ti"

Resta dizer que uma das enfermeiras era de Granada e falava portunhol e as senhoras das limpezas se esprimiam em crioulo. Quanto aos médicos não percebi muito bem quais dos 8 que me receberam numa outra sala minúscula era estagiário ou não.

Quanto ao CTG estava tudo ok.

Sir Mick

Aqui sigo eu na vidinha doméstica... Para dar algum sal à vida cá me entretenho a ler mais uma biografia cheia de sex, drugs and rock and roll... Este livro compreio-o a 1 ou 2 euros em Abril em Amsterdão. Da próxima vez vou substituir os gajos que fazem filmes pelos gajos que fazem música. Têm ar de ser muito mais divertidos e menos pedantes. Depois de quase 10 anos a aturá-los. Digo eu... O pior é que a maior parte das vezes são gajos burgueses armados ao rebelde. Aqui fiquei a comprovar o que já desconfiava, este Mick só queria gajas, porque o verdadeiro rocker foi mesmo o Keith Richards. Mas que os anos 60 foram uma coisa do outro mundo lá isso é verdade. E pronto! No Natal podem dar-me mais biografias destes malucos para eu continuar a ter contacto com o wild side of life assim entre biberons e papas!

Mais um trabalho entregue!

Ontem entreguei mais um trabalho de mestrado. E como ouvi alguém dizer na rádio: o que é importante é o percuso e não o ponto de chegada. Ou seja, nem quero saber das notas já! Mas que aprendi imensas coisas lá isso é verdade. Desta vez decidi mergulhar nas origens do cinema ou como dizem os americanos no early cinema, e em como as pessoas assistiam a esses primeiros filmes. Devo dizer, que pelo que li, era de uma forma bastante divertida...

O mercado editorial em Portugal é que é constrangedor. Tive de mandar vir uma série de livros da Amazon e da Fnac. Não há nada escrito em português e cada vez me irrita mais ler em estrangeiro... Resta-nos o Brasil mas desta vez nem aí tive sorte.

Para quem tenha interesse nesta área recomendo dois autores: Tom Gunning e Jonathan Crary.

E, para não amolecer inscrevi-me já no segundo ano de mestrado apesar de ainfa me faltar entregar dois trabalhos da parte curricular. Mas, assim continuo a sentir a pressão das datas. Acho é que da próxima vez vou parir algo maior do que um simples trabalho de mestrado de 20 folhitas...

Histórias hediondas, famílias desestruturadas e famílias que procuram ser felizes

Todas as famílias têm as suas histórias maradas. Umas mais que as outras é certo, mas ninguém se livra de ter na família a ovelha ranhosa, a armada em esperta, a peneirenta, a beata, o alcoólico, o avarento e por aí fora. Não há núcleo mais hipócrita que a família. Como não temos a possibilidade de a escolher passamos a vida a engolir sapos sem fim uns aos outros. Em suaves doses a coisa leva-se muito bem e conseguem sobreviver relações bestiais entre pais e filhos, netos e avós, sobrinhas e tios e por aí fora. Até surgiram novos núcleos familiares, em que enteados têm de levar com madrastas e madrastras têm de levar com enteados. Irmãos têm de levar com meios-irmãos. Filhos com namorados da mãe e do pai. E, por vezes, até ex-maridos e ex-mulheres conseguem esquecer os ódios e desprezos e praticarem um saudável convívio. Pronto. Estes dados são para mim e para toda a gente evidentes.

Mas existem histórias familiares que me arrepiam. Uma ontem conseguiu-me levar às lágrimas. tem a ver com o caso da miúda, Joana, que se julga ter sido assassinada pela mãe e pelo tio depois desta os ter visto a cometerem incesto. Aquando do depoimento da dona do supermercado, onde a miúda ía muitas das vezes fazer compras, a senhora explica muitas coisas e uma delas é que a miúda ali entrou a chorar porque era o primeiro dia de aulas e não tinha ninguém que lhe ensinasse o caminho para a escola! Que é isto? Que família é esta? Como é que é recusado uma coisa destas a uma criança? Como é que andamos a sustentar tantas assistentes sociais, instituições de apoio à família e à criança e não há ninguem que tire crianças destas ás famílias, mães ou pais, que não têm o mínimo de condições para educar uma criança. É que eu nem estou a falar do próprio assassinato da miúda nem de outros pormenores sórdidos... Bem sei que situações destas são abjectas e acontecerão sempre mas quando as oiço penso sempre em que se deviam esterilizar algumas mulheres e homens!

Por outro lado, cada vez ganho mais respeito por uma quantidade maior de mulheres e homens que tentam e tentam ser mães e pais e não têm a ajuda da natureza para o conseguir. Tenho partilhado alguns momentos com uma grávida que é daquelas muito chatinhas, super ansiosas, com baixa desde o princípio, que se queixa de tudo, que é alérgica a tudo, que tem medo de tudo, etc. Eu que sou uma cabra insensível e não tenho muita paciência para queixumes não lhe ligava nenhuma. Até que há dois dias atrás conversei com ela 10 minutos e ela me explicou que está casada há 14 anos e esta é a sua quinta gravidez. Teve dois abortos e duas gravidezes ectópicas! Ou seja, já vai na sua quinta tentativa de ser mãe ao longo de quase 15 anos! Como é que a desgraçada não havia de estar ansiosa. Ainda por cima tem uma relação boa com o marido! Ou seja, estas duas pessoas passaram pelo que passaram e continuam a estar juntas e no final, que será em princípio este Sábado, serão pais e concretizarão um grande sonho deles. É uma menina e duvido que vá passar pelo que passou a coitada da Joana por tão desejada que é.

Neste momento destilo ódio para com essas pessoas que conseguem cometer tais atrocidades e admiro enormemente quem passa por casos como relatei aqui destes futuros pais.

Notícias breves cá do burgo...

* No Domingo fiquei muito feliz com o resultado e ainda bem que fui até "lá abaixo" festejar a vitória com os camaradas! Foi bonito. Estávamos em festa. Gostei muito do gesto do Jerónimo vir ao Barreiro dar os parabéns pela vitória. O Barreiro ainda é uma terra mítica. Espero que nos próximos anos a mística também regresse...

* Com as chuvas fui obrigada as deixar as minhas xanatas nº 36. Com os pés tão inchados a solução de último recurso foi pedir emprestados ao meu irmão uns ténis nº 40... Felizmente o "puto" tem bom gosto e agora ando a passear-me alegremente na rua com uns ténis Puma da moda!!!

* Hoje foi dia de consulta. Estreei-me no CTG. Adormeci a meio, claro, ao som dos batimentos cardíacos da Ginga. A médica ao olhar para o tamanho da barriga decidiu brindar-me com o seu famoso "Toque". Respirei fundo e aguentei-me à bronca.... Até ela já nem quer saber dos meus 18 kgs a mais. Até me dá amendoas... A empregada diz que não devo aguentar mais uma semana. Eu sinto-me bem!

* Continuo a escrever um trabalho de mestrado. Descobri gajos como o Tom Gunning e o Jonathan Crary. Interessantes. Estou a gostar. Gosto muito do Pré-Cinema e do Early Cinema, como dizem os amaricanos... Esta é a minha parte autista. Dialogo vezes sem conta comigo própria sobre estes temas. Mas também quem é que tem mais interesse nestas coisas?

* Ontem consegui finalmente alugar a minha casa de Alfama! Chiça, para não dizer outra coisa... Estava difícil. E não foi a tugas, brasileiros, cranianos ou moldavos. Foi a sérvios! Sim senhor. Pela primeira vez conheci pessoas de Belgrado. É um respiro de alívio. Espero que sejam pessoas honestas. Espero que a casa não me dê problemas.

* O Mandela está bastante empenhado em fazer-me sentir mal por não o levar a passear à rua a toda a hora. E está a conseguir... Mas eu sou praticamente arrastada...

Música na fronteira -Robert James Waller

O Companheiro andava a "impingir-me" este livro há imenso tempo e eu nada! Depois de alguma insistência lá acedi. Li-o em dois ou três dias e ontem à noite acabei a chorar como uma Madalena arrependida com o final da história, coisa que já me tinha acontecido com uma outra história deste autor, As Pontes de Madison County. Derreto-me toda com estas histórias de amores impossíveis e irrita-me imenso passar umas quantas horas a ver um filme ou a ler um livro sobre uma história de amor que parece perfeita e que depois Zás Pás os bacanos entretanto descobrem que não têm tomates para levar a coisa para a frente ou descobrem que não é bem aquilo que querem ou isto ou aquilo!

Nesta história deste autor as paisagens também ajudam à festa e as personagens são todas elas fascinantes. E não me sinto propriamente muito ligada às protagonistas femininas (uma é stripper e a outra dona de casa!) , nem às masculinas (um fotógrafo sem poiso certo e um quase vagabundo texano).

Neste livro existe uma personagem singular. Um senhor de meia idade com um emprego muito chato, que passa a vida a sonhar viajar pelo mundo mas que nunca sai da sua cave.... Colecciona mapas, atlas e National Geographic e os livros de um determinado escritor de viagens que passa a vida a deambular pelo mundo e que é quase como um ídolo para ele. A questão é que muitos anos depois, ouve a notícia na rádio da morte desse autor e descobre que ele nunca tinha saído de casa tal como ele. Mas esta parte da história até acaba bem: o senhor decide agarrar em todo o seu dinheiro e ultrapassar o seu ídolo, agarrando no seu carro e indo em direcção ao México... Assim é que eu gosto!

Doméstica mas não domesticada!

Para aqueles que andam para aí a dizer que eu sou uma "Yuppie de m..., carreirista do c..." aqui vai uma prova de que uma pessoa pode ser várias coisas na vida ... mas nem sempre ao mesmo tempo. Depois de uns dias dedicados ao mestrado, de um fim de semana dedicado ao descanso, à leitura e a outras coisas que não interessam nada aqui, ontem dediquei-me à minha faceta doméstica mas não domesticada! Agarrei na abóbora que tinha trazido da Beira Baixa já há um mês e dei-lhe este tratamento que se vê na foto: transformei-a em doce! Tenho a dizer que está muito bom. Vi não sei quantas receitas em não sei quantos livros mas afinal acabei por fazer como me deu la real gana. Com esta ganhei tantos créditos que nas próximas semanas não me vou aproximar do fogão! Tenho dito!

Ler desenfreadamente

Já não me acontecia há uns tempos. Tenho passado bastante tempo a ler coisas para a escola, o que é interessante mas muitas vezes dá um grande sono! Sendo assim decidi passar grande parte do fim de semana a ler o que me desse na real gana e deitada para acalmar as contracções... Escolhi mais um livro daquele género que eu tanto aprecio e que mistura biografia com música ou cinema. Neste caso foi música, U2, Bono. Para além disso, acaba por ser também um livro de viagens. Sobre a Irlanda natal, as estradas da América, Nicarágua e El Salvador, África do Sul e Etiópia. É a destruição de todo o mito do rocker. Não tem nada de sexo nem de drogas. E só um bocadinho de rock ´n roll. Fala muito é do Clinton, do Bush, do Gorbatchov, do Mandela, do Chirac e até do Papa antes do Ratzinger... Resultado: ler por gosto e porque sim é muito bom!