sábado, agosto 27, 2005

Toda a gente devia ir uma vez na vida ao Minipreço!

Cada vez que entro num Minipreço tenho a sensação de estar a cair naquilo que vulgarmente se chama o Portugal Real! Frequento dois (um em Lisboa e o outro numa cidade suburbana) e até tenho cartão e ando sempre com um saquinho guardado na mala, que eu cá não vou em chulices de 5 cêntimos por cada saco!
Verifico que existem 3 grandes grupos de habitués: os imigrantes, os velhos e os toxicodependentes. Normalmente uma ida a este supermercado faz com que me tenha de irritar sempre. E não é com impropérios racistas nem com as mocas dos carochos. É quase sempre com as velhas suburbanas com a mania que são mais espertas do que os outros e que tentam sempre passar à frente de toda a gente! Cheguei ao ponto de respirar fundo cada vez que lá entro e de preparar durante 5 minutos a minha progenitora sempre que entramos lá as duas. É que a senhora quando lhe chega a mostarda ao nariz também é fresca...
Um alien que ali entre chega à conclusão que em Portugal existem várias línguas oficiais (português, russo e crioulo), que a média de idades é de 75 anos e que a carochice impera. Já as empregadas chamam-se quase sempre Denise, Irundina, Natacha e Simara. Iriam reparar também que o patrão deve ganhar bem com o negócio, já que para uma média de 2 empregados estão 57 pessoas à espera na caixa para serem atendidas.
Aos políticos também lhes fazia bem passar por ali. Seria lindo eles observarem ali o choque tecnológico e a polivalência e flexibilidade do nosso país.
Para a próxima também poderei escrever sobre o Lidl!

terça-feira, agosto 23, 2005

A primeira aula de Preparação para o Nascimento

Sim. Eu cá não ando em aulas de Preparação para o Parto. A Blimunda anda a preparar-se para o Nascimento! Em duas horas que durou a coisa tenho de dizer que passei a primeira meia hora a pensar em qual seria a diferença...
Correu bem para a primeira aula. A fisioterapeuta parece porreira. O problema é que tenho de fazer aquilo com outras grávidas, seres sobre as quais não tenho ideias lá muito, muito simpáticas. A maior parte delas estão todas com gravidezes de risco e não põem os pés no trabalho há meses, o que me leva a pensar nas nossas mães que tiveram de trabalhar e é se queriam pararoca! Ao princípio a sala ficou num grande silêncio enquanto que eu me entretinha a ler o Público. Depois começaram a falar nos nomes dos bebés e eu aí ainda fiquei com mais vontade de ler o jornal... Depois a coisa lá desanuviou. Conversa puxa conversa e lá se começa a delinear uma agenda em que os pais deverão comparecer. Comecei-me logo a rir! Então é suposto que eu vá com o Companheiro e com um bebé tipo nenuco vestido à Ginga Catarina com fralda incluída para uma sessão que se chama Rotinas do Bebé... Já estou a imaginar a cena! Só falta levar o Mandela também... Mais deprimente é saber que a segunda sessão a que os pais devem ir se chama "Depressão pós parto"... Ao menos não se vão poder queixar que não foram avisados...
Mas o que me deixou mesmo estúpida a olhar para elas todas foi o momento em que em conjunto começaram a partilhar a ideia de que "Grávida não é burra, é é distraída!". Apeteceu-me logo dizer: "Distraída, o C...!" Mas achei que era demais para uma primeira abordagem à coisa... Anda uma gaja aqui a trabalhar e a fazer trabalhos de mestrado em série e andam estas gajas que estão à meses fechadas em casa a dizer que as grávidas são lerdas! Eu preferi ficar calada senão causava logo a impressão de ser uma porca chauvinista com a mania que é mais esperta do que as outras armada ao pingarelho só porque tem pachorra para andar a aguentar intelectualóides de merda. Mas custa. Só me apeteceu dizer para exercitarem os neurónios caneco!
"Distraída o C...!". E com esta me fico...

quarta-feira, agosto 17, 2005

Pequenos Prazeres da Vida II: o disco da Feist

Aqui estou eu a apanhar o ar vindo de uma janela, a escrever no meu portátil mais uns parágrafos, com o Mandela a dormir aos meus pés e a ouvir o disco da Feist. Já antes tinha escrito sobre ela mas esse post desapareceu no espaço internético. Nessa altura escrevi sobre o concerto a que assisti na primeira fila mesmo à frente da bacana e sem pagar um cêntimo. Senti-me uma grande sortuda na altura. É verdade! Foi um grande concerto. O que mais gostei de assistir até agora neste ano de 2005. E pronto! Fica aqui o registo. Tinha prometido a mim mesma que tentaria escrever aqui maioritariamente sobre as coisas que valiam a pena viver nesta vida. E, há uns dez minutos atrás percebi que estava a curtir mesmo esta tarde em casa.

Os primos

Diamantino, Mariana, Sofia, Delfim, João Pedro, Chico, Sandra, Fátima, Zita, Célia, Daniela, Vera, João, Débora, Nela, Carla, Tó, Júlio, Carlos, Renata, Conceição, Prego, Eudora, Rosa, Eduardo… continua.

Só nesta pequena lista estão 25 indivíduos com quem tenho uma ligação de sangue, ou seja, todos eles são meus primos, em primeiro, segundo, terceiro, quarto grau. Não pensem que esta é uma questão de pouca importância na minha vida. Até os meus pais são primos em terceiro ou quarto grau e até as minhas avós eram madrinha e afilhada…

Há aqui uma certa entropia.

Já chegámos até ao ponto de eu agora ser madrinha de uma prima! É o cúmulo. E nem se pode dizer que eu seja uma pessoa muuuuuuito ligada à família. Com metade destes primos já não falo há muitos anos mas posso contar duas ou três coisas sobre cada um deles. Até me acontece marcar uma churrascada com uma dessas primas que até tem a minha idade e a coisa correr bem e encontrarmos coisas em comum! Mas, também tenho muito medo de ter de passar um par de horas com outros e não ter nada para dizer. Um outro modelo de relacionamento é o internético. Uma das minhas primas mais chegadas, com quem não estou há 10 anos, é um dos meus contactos no Messenger, com quem agora falo todos os dias, praticamente. Depois existem os primos com a idade dos meus pais. Muitos deles são Testemunhas de Jeová, um deles até foi para os EUA por causa disso ou algo parecido e também tenho uma prima com mais de cinquenta anos que consegue ser a mais camarada e progressista e, simultaneamente, a mais católica de todas, capaz de todos os sacríficios pelos outros e a mais divertida. Outras mais novas do que eu venho a reencontrá-las no pátio da faculdade e a estudar o mesmo que eu.

Já andei à dentada com alguns deles, já me irritei com outros, brinquei muitos verões e férias seguidas com uns e para outros não sou mais do que a Adelina Pequena. Perante alguns desenvolvi um certo sentimento de protecção, principalmente em relação aos mais novos que eu, talvez fruto de ter sido a filha e a neta mais velha.

As relações de sangue são coisas muito estranhas e que se entranham.

sexta-feira, agosto 12, 2005

Criopreservação ou não?

Ontem fui a uma consulta médica onde me passaram um papelito sobre Criopreservação de Células Estaminais do Sangue do Cordão Umbilical. A ideia é nós decidirmos se queremos fazer essa colheita no momento do nascimento da Ginga Catarina.
É uma decisão de merda esta!!!
Por um lado ficamos com a ideia de que se a miúda passar por um problema como leucemia, por exemplo, podemos, à partida, resolver a situação com estas células. Por outro lado, nada nos garante a 100% isso! Olha que merda! Por outro existem os argumentos de deixar a mãe natureza fazer o seu trabalho... Mas , apesar da minha pessoa acreditar muito na força dessa senhora, também continuo a acreditar muito, em algumas circunstâncias, na força do humano, logo, nos seus avanços científicos. Tenho consciência que muitas das pessoas que eu gosto neste mundo já não estariam aqui se não tivessem sido tratadas pela medicina. Apesar de ter também vivido experiências em que percebi que a ciência não tem soluções e que a medicina não é uma ciência exacta, de facto.
Estas empresas é que se fartam de ganhar dinheiro à custa dos pais. É que esta brincadeira custa 1093 euros mais 115 para "o kit de recolha, envio de kit e transporte do sangue"... para a Bélgica.
E assim é a vida...
Quem tiver interesse vá a www.crioestaminal.pt...

quarta-feira, agosto 10, 2005

As migas do Melindense



Apresento aqui em cima as migas do restaurante Melindense que como o nome já indicia fica em Melides. Que grande repasto! Descobri este restaurante só no ano passado por intermédio de habitués deste espaço e das suas iguarias. Entrei lá muito desconfiada. A coisa não me parecia lá muito limpinha e a "decoração" resume-se à colagem à la gárdere (tipo cuspo...) de fotografias de gajos e gajas de edições de TV Guias e coisas assim entre 1984 e 1987. Cheguei a essa conclusão pelos penteados... O dono é um quarentão, que segundo a R. faz lembrar o Manuel João Vieira e que nos impõe aquilo que vamos comer. Eu que até tenho um espírito de contradição bastante apurado deixo-me levar sempre pelo que este senhor diz. Desta vez deixei-me levar pelas migas!

E o que eu gosto destas migas! Para já porque as migas alentejanas dali são iguais às açordas beirãs que a minha mãe me faz há 32 anos. E depois têm carne e conseguem que eu goste dela, o que cada vez é mais raro. Tudo isto dentro de um pão alentejano que serve de prato! Muito bom! Aconselho vivamente. Para terminar o dono do restaurante em cada repasto decidi presentear-nos sempre com uma bocado de bolo para o lanche ou um piri piri caseiro. Não é lindo!? Não me venham dizer que não há qualidade de vida....

terça-feira, agosto 09, 2005

Férias de praia


Pela primeira vez passei uma semana de férias de praia! E gostei! E foram em Agosto! E no Algarve! Felizmente foi em Tavira, que pelo que sei é bem melhor do que em Albufeira ou Quarteira....

Foi mesmo a primeira vez. Até agora ou ía 2 ou 3 dias passar férias a um sítio que por acaso tinha praia ou ía para o campo ou para uma cidade ou para um destino diarreia. Como estou grávida, tive de gastar dinheiro com o Mandela que engoliu um calhau, é Agosto e tudo fica mais caro, um dos carros lá de casa deu o berro e a minha pança já viajou bastante de avião este ano, decidimos passar uma semana na praia. Devo dizer que tenciono repetir!

Para já não pagámos alojamento! ;) O que é muito bom... Fica aqui um tímido agradecimento aos donos da casa... Depois conseguimos passar horas inteiras na praia sem levar com o cheiro de feijoada do vizinho do lado e podíamos abrir os braços sem tocar na toalha alheia. Comemos muito bem também: peixinho grelhado comprado na praça, carne de porco preto deliciosa acompanhado de batatas fritas de verdade na serra algarvia, um chili preparado pelo muito lá de casa, umas chuletas num saltinho a Espanha, isto para não falar, na parte da bolas de berlim e nos gelados. Só não embarquei na moda das águas com gáz com sabores porque dizem que faz mal à criança...E, também não havia Vidago de Amêndoa ou de Alfarroba...

E, como toda a gente vai para o Algarve em Agosto ainda tive a sorte de estar acompanhada por amigalhaços que me fizeram rir desenfreadamente com os seus disparates. Até participei uma apanha da conquilha ao final do dia o que para uma descendente de ratinhos é obra!

Como ícones do Verão ficam 3 imagens do Companheiro, das quais existem provas fotográficas: uns óculos marca Dimitris, uma t-shirt com a inscrição vagitarian e uma toalha de praia linda de comer com um tigre. Muito bom!

Pequenos prazeres da vida I: Bola de Berlim!



Apesar das recomendações de consumir manteiga Becel, leite e queijo magro e iogurtes light não consegui resistir às Bolas de Berlim da praia da Manta Rota! Seria um pecado resistir a estas tentações redondinhas e apetitosas que me levam a viajar no tempo para aí uns 20 e tal anos. Foi nessa altura que, acompanhando algum progresso do próprio país, deixámos todos de variar no menú de leite Ucal comprado as 7 da manhã (com chuva ou com sol) na carrinha que fazia a distribuição e o papo seco com queijo. Apesar de alguma austeridade alimentícia bastante saudável em relação aos dias de hoje lembro-me de me babar de vez em quando com os chocolates Regina, os mil folhas e ... as Bolas de Berlim. Nunca pensei chegar aos 30 e continuar a fazer a figura tolinha de começar a arfar como o Mandela quando começava a ouvir lá ao longe o homem a gritar: “Olha a Bolinha!”!

A semana passada de férias na praia em Tavira ficará para sempre guardada na memórias das minhas papilas gustativas. As conquilhas também. Mas isso é outra história.