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viagens com raízes nas plantas dos pés

Coloquei-me essa pergunta quando li D´este viver aqui neste papel descripto do António Lobo Antunes. Não falando aqui de toda a carga sentimental e quase erótica destas cartas, é alucinante perceber o quanto a geração dos nossos pais sofreu com a Guerra Colonial. É óbvio que sofreram muito mais do outro lado mas não é do outro lado que quero falar aqui. Mas, a estes então jovens era possível dar o salto para a clandestinidade ou para o estrangeiro. Mas será que essa era um opção fácil? De certeza absoluta que não era. Eu imagino o meu pai vindo da parvalheira e nunca pondo os pés em Lisboa a pensar ir para França! Coitado. Íam para França quem já lá tinha ido de férias com os papás! Foram portanto muitos para África e muitos se sabe que ficaram apanhados da cabeça. Quantos destes cinquentões ou sessentões são os nossos pais, vizinhos, tios? Quantos não carregam em si histórias absurdas, atrozes. Quantos filmes se poderão ainda escrever e livros ler sobre esta guerra? Muitos seguramente.


Três filmes bons é um número mau! E, ainda por cima, dois deles até já são de 2004 e só os consegui ver em DVD: Closer /Perto demais de Mike Nichols e Crash/ Colisão de Paul Haggis. Bem sei que com a gravidez, o parto e agora a miúda as coisas se alteraram um pouco mas enfim... A ver se recupero nos próximos tempos. O Me and everyone we know da Miranda July vi-o em cinema na abertura do Indie, facto que mereceria só por si uma posta, pela importância que dou a este evento, um dos mais marcantes e bem organizados do nosso país e que vem provar que não são só as cunhas que funcionam, que trabalhar bem compensa e que a cultura até pode ser de interesse público e económico. Gosto deste desmistificar de ideias feitas.